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O Projeto

Pensamento

Uma cena teatral forte depende da cultura de uma sociedade, do valor atribuído ao Teatro. Isto é algo que já está tecido na cultura ou que ainda precisamos tecer. Se precisamos, devem ser realizadas ações consequentes e recorrentes, ação cultural, formativa e midiáticas. Este projeto causa impacto neste sentido. Por abranger diversos aspectos da ação cultural, contribuindo para a valorização da cena teatral e a construção de uma cultura; reverberando, abrindo portas, unindo, agregando, disseminando e fomentando.

Acesso ao Teatro

O slogan “Feriado também é dia de ir ao Teatro” norteia as atividades. São 9 espetáculos, cada um em um feriado, apresentados, no Teatro Municipal de Vila Velha  (250 lugares), cada espetáculo apresentado por um dos 9 grupos que integram o projeto, com ingressos gratuitos, sendo que, a cada apresentação, 20 pessoas oriundas de comunidades de baixa renda terão o transporte gratuito e a oportunidade de vivenciar um workshop. Estas pessoas serão selecionadas com a colaboração de associações e líderes locais.

 

O objetivo é a formação de publico e o fortalecimento da cena teatral capixaba.

 

Os 9 grupos integrantes tem, no bojo de sua produção, uma atividade de pesquisa, seja de cultura popular, comicidade, música na cena, processos colaborativos, trânsito entre teatro e literatura, subjetivação e reconhecimento das diferenças, interferências nas tessituras sociais e questionamento de suas bases, etc. Cada qual a sua maneira tem contribuído para a linguagem cênica como certa potência de transformação social.

 

Sabe-se que o “gargalo” de nossa atividade é a distribuição, circulação e aderência de espectadores. Precisa-se criar (ou recriar) o hábito de se ir ao Teatro (tem-se o hábito de ver televisão, no máximo de ir ao cinema, de ir a balada, mas não o hábito de ir ao Teatro).

 

Pretende-se ganhar força e expor para a sociedade uma espécie de vitrine rica e complexa, multi e potente, da cena capixaba, para marcar, na imprensa e mídias sociais: “Existimos. Estamos trabalhando pela cena teatral. Muitos de nós a muitos anos, e não venham dizer que não existe teatro no Espírito Santo!”.

 

Acredita-se que a cena teatral de um estado deve ser múltipla (há teatro para todos os tipos de publico), mas, também, que é função do poder publico, iniciativa privada e artistas lutarem pela democratização do acesso. Sabe-se que quase 60% das famílias brasileiras tem renda per capta de até um salario mínimo (dados referentes ao IBGE 2016). Percebe-se que em lugares onde a cultura de ir ao teatro é mais forte, as iniciativas de democratização do acesso e os esforços para a formação de publico são constantes.

 

Trata-se não só de permitir a ida ao teatro, mas de trabalhar o antes e o depois, promovendo a elaboração da experiência para a permanência do hábito. O teatro não está fora de uma cultura do afeto e, dependendo de como as pessoas são preparadas para a experiência, como são recebidas e como recortam e elaboram a experiência teatral vivenciada, tem-se um resultado ou outro.

 

São bonitos os testemunhos de casos relatados de idas ao teatro que mudaram a vida da pessoa e cuja oportunidade lhe foi dada através de iniciativas de democratização do acesso.... Dou aula em cursos de formação em Artes Cênicas e muitos alunos, a maioria de baixa renda, experimentaram a paixão pelo teatro graças a iniciativas de democratização. Também, na minha convivência com artistas pude escutar testemunhos assim.

 

Esta é apenas uma das ações possíveis, em uma rede de outras ações que sabemos que existem no Espírito Santo. Sentimo-nos como um agente dentre outros.

 

Assim, este projeto tem como objetivos gerais:

- Formação de publico: levar oportunidade de ver, conhecer e participar para quem não tem; despertar o gosto pelo teatro, pela ida ao teatro, pelo fazer teatro; promover um enlaçamento afetivo com a atividade teatral.

- O fortalecimento da cena teatral capixaba.

 

E tem como objetivos específicos:

- Uma agenda diversificada de espetáculos nos feriados.

- Utilizar o slogan “Feriado é também dia de ir ao Teatro”

-  Apresentação gratuita de um espetáculo de cada um dos 9 grupos: Cia Folgazões, Cia Teatro Urgente, Cia Nós de Teatro, Grupo Anônimos de Teatro, Grupo Gota Pó e Poeira, Cia Poéticas da Cena Contemporânea Núcleo I e Núcleo II, Cia Di Lata, Grupo Beta.

- Um workshop gratuito de cada grupo após à apresentação (apresentação as 19h  e workshop das 20h as 21h30).

- A inserção nas comunidades, com ações e divulgação através de seus líderes, estabelecendo parcerias com as associações de bairro e outras instituições representativas na Grande Vitória.

- O oferecimento do transporte gratuito para a ida de 20 pessoas de comunidades de baixa renda.

- Divulgação das apresentações de forma ampla através de assessoria de imprensa, redes sociais, filipetas, baner e site.

- A articulação entre gastronomia e cena teatral, implicando afetuosidade (é oferecido um doce, canjica ou outro).

- A reunião com os líderes e formadores de opinião nas comunidades pós espetáculo/workshop.

Direito à Cultura

O direito à cultura no Brasil encontra-se devidamente normatizado na Constituição Federal de 1988 devido à sua relevância como fator de singularizarão da pessoa humana. Como afirma Bernardo Novais da Mata Machado, “os direitos culturais são parte integrante dos direitos humanos”. O que não nos exime da pergunta: “o que é cultura” e “qual” cultura pretende-se garantir? Também não nos exime da pergunta: “qual a função da arte” (e da arte teatral) diante de uma “cultura” múltipla? E ainda: por que o trabalho destes grupos, que formam uma cena teatral já consolidada deve chegar a uma população de baixa renda?

 

O teatro tem seus próprios códigos, assim como a música, as artes plásticas e a dança. Códigos validados e reconhecidos socialmente, forjados durante uma longa tradição (não sem suas quebras, rupturas, subversões e hibridismos). Existe, dentro desta produção, uma apropriação de elementos culturais, em função da materialização de discursos, construção de um olhar e pensamento crítico (que se fundamenta em uma posição ideológica, de maneira que o teatro é sempre político).

 

A diferença entre a arte e a educação (se formos pensar em educação enquanto transmissão de conhecimento) é que a arte “deseduca”, ou seja, coloca em questão o saber do sujeito. Ela desconstrói os saberes através de uma experiência onde o que se sabe não basta (e desconstruindo saberes desconstrói também preconceitos, propondo novas visões de mundo). Ao contrário das certezas, propõe o enigma do “Porque é assim?”, ou seja, a arte dispõe o sujeito à movimentação do pensamento, suas redes significantes e cadeias de afeto. Colocando o sujeito em questão, mexendo e afetando, não se trata do acesso ao entretenimento, portanto, mas à experiência de reconhecimento de algo seu no outro (no outro enquanto incompletude e questão).

 

É desta “cultura do pensamento”, do questionamento de um “si social”, que se trata na pesquisa de linguagem teatral. O espelho de si onde as coisas não se encaixam prontamente e exige certo esforço para compor o quadro; o atravessamento que a experiência proporciona; a exigência de assumirmos um lugar no tabuleiro (pois sem esta doação a experiência não se completa). Assim, exige-se, de cada um, um aspecto produtivo, laboratorial e criativo. E é neste aspecto a necessidade de se levar o teatro (e este teatro, forjado de forma crítica, ou seja, em forma de interrogação) para “o povo”.

 

Quando vemos, na Argentina (Dubatti), uma “Escola de Espectadores” e na Universidade de São Paulo a linha de pesquisa “Pedagogia do Espectador” (Desgranges), lembramos que Bertolt Brecht queria não apenas um “teatro para todos”, mas “um teatro para especialistas” – ou seja, o espectador deixa de ir ingenuamente ao teatro. Ele é um debatedor (do mundo, de si, do outro, dos mecanismos sociais). Formação de publico significa, portanto, pactuar uma cultura para que esta cresça e, com ela, cidadãos críticos.

 

É quando chegamos na questão do afeto. Qualquer atividade, para que se participe, faz-se necessário ser atravessado pelo afeto. Isto se dá em qualquer processo de aprendizagem e construção, ou o sujeito não assimila, não memoriza, não recicla, não desdobra. Não se tem exatamente o domínio do que este enlaçamento implicará de reverberação e, portanto, uma ação cultural se configura como uma aposta. Como diz Teixeira Coelho, não se sabe o fim.

 

Podemos nos perguntar: e depois? Traz-se as pessoas ao teatro, com preços populares, transporte e gratuidade. Como continuarão vindo, para que o fomento realmente tenha sucesso? Trata-se de uma ação conjunta, onde espera-se que estas pessoas continuem tendo acesso a uma formação em equipamentos públicos. Trata-se do diálogo entre formação e acesso aos produtos, onde quem consome torna-se, também, produtor. A democratização não é apenas do acesso quando se ministra workshops para estas pessoas, munindo-as da consciência do processo.

 

Transmitir o paradigma do fazer teatral enquanto construção coletiva, a compreensão de que a cultura deste fazer implica pactos e o paradoxo do “saber-não saber”, o aventurar-se no que não se sabe que sabe: este é um investimento na qualidade de vida e pensamento crítico de cada sujeito. É mostrar que também depende dele e é preciso que tome parte para a coisa crescer.

 

A atividade teatral reverbera para além das nossas próprias muradas. Ela instiga, provoca, convoca. A ideia é termos certo número de “convocados” à esta experiência de pertencimento à cultura teatral, para que esta reverbere em direção ao fortalecimento da cena capixaba, desenhando uma cultura rica, complexa, diversa, intensa, prolífera e formativa, para que suas demarcações espaciais sejam alargadas.

Nossa Equipe

COORDENAÇÃO GERAL E CURADORIA:

Rejane Arruda

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PRRODUÇÃO:

Rejane Arruda, Fagner Soares, Letícia Dias, Nicole Frechiani e Felipe Sousa.

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TÉCNICO :

Fagner Soares

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CAMARINS:

Nicole Frechiani e Fagner Soares

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REGISTROS EM VÍDEO:

Letícia Dias e Rejane Arruda

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ASSESSORIA DE IMPRENSA:

Rejane Arruda

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CANJICA:

Nicole Frechiani e Letícia Dias

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