No dia 23 de maio, por conta do feriado da conquista do solo espírito-santense, e nos dias 31 de maio e 01 de junho, por conta do feriadão de Corpus Christi, tivemos teatro de graça. É o projeto "Feriado também é dia de ir ao teatro". Tivemos teatro, canjica e workshop oferecido as comunidades, e também o transporte para vinte pessoas, que pela primeira vez entraram em contato com esta arte.
Não foi totalmente "de boas", tivemos dificuldades, mas graças às parcerias e espírito colaborativo, conseguimos! Cada passo foi importante, contato, telefonema, cada pessoa que conhecemos, parceria que travamos, para levar, ao publico, a arte destes três importantes grupos do Espírito Santo: Folgazões, que abriu o projeto, Gota Pó e Poeira, que veio de Guaçuí, e Anônimos que tem à frente o grande ator Luiz Carlos Cardoso.
O objetivo do projeto foi plenamente cumprido nesta primeira etapa, pois conquistamos o coração de quem ainda não tinha conhecido o teatro. Pessoas se encantaram, se surpreenderam, participaram e começaram a se sentir um pouquinho mais íntimas desta cultura (a teatral) que é de todos, que é nossa.
Com o Folgazões, o espetáculo foi na Praça Duque de Caxias, de baixo de uma árvore. Entramos na programação da Prefeitura de Vila Velha por conta do feriado, o que foi muito bom, pois fomos anunciados no microfone, além de termos o publico já envolvido nas atividades anteriores.
Na hora do Teatro, o som parou e os cidadãos que estavam presentes foram convidados a ir até o outro lado da praça. O ator Foca Magalhães fez um cortejo, brincando com os transeuntes e vendedores de pastel, pois pasteleiro ele também é (na peça "O Pastelão e a Torta") que foi apresentada.
A peça tem a "verve da rua" e da comédia popular, usa e abusa de improvisos e da sonorização, que dá toda uma magia e charme para o espetáculo. Os personagens, por um lado são tipificados e, por outro, extremamente humanos, causando a identificação imediata com as crianças e adultos presentes.
Estavam também presentes estudantes de Artes Cênicas e aspirantes a artistas. Estes se misturaram às pessoas da comunidade Divino Espírito Santo. O workshop foi o máximo, com uma série de exercícios para construção de corpos dilatados, relações e personagens engraçados, misturando técnicas de corpo, voz e jogos.
A canjica foi um dos pontos altos do projeto. Feita pela integrante da equipe Nicole Frechiani, contribuiu para o momento de integração acontecer, entre a peça e o workshop.
No dia do "Gota" fomos para a Barra do Jucú. As comunidades estavam todas envolvidas com festividades no bairro. Devido ao esvaziamento da praça no Centro de Vila Velha e a não aderência da imprensa ao projeto (não tivemos nenhuma matéria) fomos para a Barra. Com a generosidade de Lilico, presidente da Associação dos Moradores da Bara do Jucú, fomos incluídos na programação das festividades.
Quando chegamos estava tocando um grupo de tambores maravilhoso. Crianças e jovens liderados pelo incrível músico e percussionista Meilão. O nome do grupo é Brasil Tambores, é de Santa Leopoldina. Eles são incríveis e foi maravilhoso dividir a cena com eles.
O Gota é um dos mais importantes grupos do estado. Com quarenta anos de existência, já fez muito teatro, já rodou em muito festival, já trouxe muito prêmio para o estado e já debateu muito sobre Teatro de Rua, a sua paixão.
O workshop do Gota foi centrado nisso: os princípios para o teatro de rua. Foi muito bonito ver artistas em formação e comunidade novamente integrados. Depois de alguns exercícios, conversas, ensinamentos, a turma se dividiu em três grupos, apresentando uma cena cada um, aplicando os princípios transmitidos no workshop.
Deu pra ver que assimilaram bem o aprendizado e souberam aplicar na prática tudo o que ouviram. O ator e diretor Carlos Olla, que ministrou o workshop, contando com a super atriz e sua assistente Neusa, usou de uma estratégia interessante: pediu para que cada um trouxesse um material seu como ponto de partida. A partir do material apresentado ele pode destacar os pontos que tinham a ver com a rua e. juntando os pontos de cada um, estavam lá os princípios que deveriam ser aplicados, todos em uma cena só. Foi muito bonito.
A terceira peça já foi no dia seguinte. Dia 01 de junho, no Teatro Municipal de Vila Velha a noite. Foi bom entrar no Teatro. A primeira peça feita em "palco italiano" (relação frontal entre palco e plateia dentro de um teatro), e Luiz Carlos Cardoso, que tinha passado por experiências em arena e corredor (com o publico dentro da cena), aderiu ao palco italiano, mostrando toda a forma e carisma de sua figura hipnotizante.
Ator maduro, que "leva o publico na mão"; com espetáculo corajoso, denso e emocionante, tratando da relação pai e filho a partir da obra de Franz Kafka "Carta ao Pai". Não tem como não se identificar com este tema, cada um com a sua questão com seu próprio pai. É lindo. Os alunos do ensino médio que estavam presentes se deliciaram e puderam, pela primeira vez, ver, falar, ouvir e fazer teatro junto com um grande artista do Espírito Santo.
O workshop, basicamente fundamentado nos jogos spolianos, mas desdobrados a partir das experiências de corpo e cena de Luiz Carlos, foi precioso, trazendo uma integração (novamente) entre artistas em formação e comunidade - desta vez representada pelos alunos da Escola Viva Pastor Oliveira de Araújo de Cobilândia, acompanhados da professora de português Christina Araújo de Nino.
A seguir um pouco do registro fotográfico destes três momentos marcantes com os quais começamos. Temos muito mais pela frente! A próxima apresentação é no Dia Dos Pais!!!
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